quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A Ânfora


A Ânfora

No deslizar dos oceanos
a ânfora desce lentamente
até às profundezas
para a eternidade

Abriu-se um leque
de seres subterrâneos
adormecidos pelo tempo
num despertar lento

No fundo dos mares
transforma-se algo de irreal
no saltitar dos golfinhos
jamantas e outros peixes

O Neptuno silencioso
acompanhado por Anfitrite
no seu coche em forma de concha
puxado por dois cavalos marinhos
assiste à festa cheia de alegria

Rodeado por sereias
está sorridente tudo corre bem
A dança mais animada está
mas o malfadado cachalote
rezingão estraga tudo…

Pedro Valdoy


domingo, 2 de agosto de 2015

Caminhos de Um Rio


Caminhos de Um Rio

O  rio sussurra
através de pedras
em areias brancas ou pretas
perante a  eternidade
de árvores indiferentes
de plantas quase mortas
numa corrida inesgotável

O rio ruma para Leste
Em ciprestes indecisos
indiferente a seres famintos
sequiosos    sem forças
para chegarem à sua beira

O rio continua veloz
por ravinas ondulantes
em altas velocidades
solitárias
do Céu    ao Sol
sem destino aparente
até que esbarra
sobre ondas e ondas
que o destroem
com toda a indiferença

Aí   um grito ressoa
até à nascente.

Pedro Valdoy




quarta-feira, 29 de julho de 2015

O Palhaço


O Palhaço

A algazarra é grande
a miudagem ri  ri  ri
a alegria ronda aquele meio
em tempos inesquecíveis

O palhaço é um fartote
com seus enganos propositados
enche de satisfação
a garotada e os adultos

As tristezas fugiram
para o matagal
da crise esquecida
adormecida talvez

O espectáculo acabou
e o sorriso? Talvez
para aquele palhaço
recolhido no seu camarim

Lágrimas afloram
ao rosto do palhaço
no fim de cada espectáculo
morrera a sua irmã

Mas ri palhaço até um dia
em que o fracasso
da tristeza
te impossibilita de mais palhaçadas

De repente desaparece
por entre os arbustos da floresta
abandonara o espectáculo
o sorriso desapareceu nas trevas

Caminhou pelo desconhecido
no desespero atroz
aquela morte fora o fim
de uma carreira serena

Fatigado sentou-se numa pedra
estava exausto
nem o cantar de um rouxinol
o fez sorrir

Ali adormeceu
coberto de pesadelos
até Deus o chamar
e mais uma estrela brilhou.


Pedro Valdoy

sexta-feira, 24 de julho de 2015

A Passagem do Tempo


A Passagem do Tempo

no cântico das horas
oscilam as sereias
no mar imenso
na doçura das ondas

no palco dos minutos
o arlequim inebriado
canta a melodia
do sarcasmo isolado

nas estepes dos segundos
soletram as crianças
a ingenuidade de um baloiço
no jardim coberto de lirismo

na tua vontade está
a singeleza do amor
perdido nas açucenas
no descalabro dos tempos.

Pedro Valdoy



quinta-feira, 23 de julho de 2015

O Passado


O Passado

Eu procurei rosas
na tempestade do teu sonho
andei por caminhos de seda
em busca do odor do teu perfume

Tentei cobrir o teu rosto
de açucenas na nossa jovialidade
De uma infância esquecida
No voo da águia sonolenta

Procurei a infância
Num dueto musical
Estranhamente na piedade
De gotas açucaradas

Talvez achasse o jardim
Nos teus olhos cor de fogo
Na nossa infantilidade
Na ingenuidade de um amor

São cabelos de linho
Na estrada do destino
Ao colocar a Lua
No teu colo sereno.

Pedro Valdoy


sábado, 18 de julho de 2015

Pelo Vale


Pelo Vale

No vale da esperança
ando perdido
como uma pétala
levada pelo vento

São sombras do deserto
que esvaziam meu pensamento
de um amor esquecido
pelos ventos da esperança

Estou só muito só
na velocidade do tempo
à espera de um amor renovado
numa tarde sôfrega

Mas os anos
queimam os tempos
de um desejo renovado
por entre a maré do amor

A solidão faz estremecer meu corpo
neste canto escuro
de uma humanidade perdida
com a luz do conhecimento...


Pedro Valdoy

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Gente


Gente

Aí vem gente a cantar
a rabaldaria começou
tudo é possível nos possíveis
a tradição vale mais que as leis
é assim mesmo urra
matem-se touros vacas ou bezerros
na via pública
coma-se à fartazana

Somos um povo de tradições
pois então...
se há muitos anos se fazem roubos
então é tradição   roube-se

A ditadura existiu muitos anos
sofrimentos que importa?
É tradição promulgue-se

Viva a ditadura os roubos
a matança seja do que for
é tradição não precisa ser
homologado e pronto

Acabe-se com a Assembleia
com os deputados
e outros que tais
abaixo as leis
viva a anarquia
numa democracia de bolor.

Pedro Valdoy