quarta-feira, 29 de julho de 2015

O Palhaço


O Palhaço

A algazarra é grande
a miudagem ri  ri  ri
a alegria ronda aquele meio
em tempos inesquecíveis

O palhaço é um fartote
com seus enganos propositados
enche de satisfação
a garotada e os adultos

As tristezas fugiram
para o matagal
da crise esquecida
adormecida talvez

O espectáculo acabou
e o sorriso? Talvez
para aquele palhaço
recolhido no seu camarim

Lágrimas afloram
ao rosto do palhaço
no fim de cada espectáculo
morrera a sua irmã

Mas ri palhaço até um dia
em que o fracasso
da tristeza
te impossibilita de mais palhaçadas

De repente desaparece
por entre os arbustos da floresta
abandonara o espectáculo
o sorriso desapareceu nas trevas

Caminhou pelo desconhecido
no desespero atroz
aquela morte fora o fim
de uma carreira serena

Fatigado sentou-se numa pedra
estava exausto
nem o cantar de um rouxinol
o fez sorrir

Ali adormeceu
coberto de pesadelos
até Deus o chamar
e mais uma estrela brilhou.


Pedro Valdoy

sexta-feira, 24 de julho de 2015

A Passagem do Tempo


A Passagem do Tempo

no cântico das horas
oscilam as sereias
no mar imenso
na doçura das ondas

no palco dos minutos
o arlequim inebriado
canta a melodia
do sarcasmo isolado

nas estepes dos segundos
soletram as crianças
a ingenuidade de um baloiço
no jardim coberto de lirismo

na tua vontade está
a singeleza do amor
perdido nas açucenas
no descalabro dos tempos.

Pedro Valdoy



quinta-feira, 23 de julho de 2015

O Passado


O Passado

Eu procurei rosas
na tempestade do teu sonho
andei por caminhos de seda
em busca do odor do teu perfume

Tentei cobrir o teu rosto
de açucenas na nossa jovialidade
De uma infância esquecida
No voo da águia sonolenta

Procurei a infância
Num dueto musical
Estranhamente na piedade
De gotas açucaradas

Talvez achasse o jardim
Nos teus olhos cor de fogo
Na nossa infantilidade
Na ingenuidade de um amor

São cabelos de linho
Na estrada do destino
Ao colocar a Lua
No teu colo sereno.

Pedro Valdoy


sábado, 18 de julho de 2015

Pelo Vale


Pelo Vale

No vale da esperança
ando perdido
como uma pétala
levada pelo vento

São sombras do deserto
que esvaziam meu pensamento
de um amor esquecido
pelos ventos da esperança

Estou só muito só
na velocidade do tempo
à espera de um amor renovado
numa tarde sôfrega

Mas os anos
queimam os tempos
de um desejo renovado
por entre a maré do amor

A solidão faz estremecer meu corpo
neste canto escuro
de uma humanidade perdida
com a luz do conhecimento...


Pedro Valdoy

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Gente


Gente

Aí vem gente a cantar
a rabaldaria começou
tudo é possível nos possíveis
a tradição vale mais que as leis
é assim mesmo urra
matem-se touros vacas ou bezerros
na via pública
coma-se à fartazana

Somos um povo de tradições
pois então...
se há muitos anos se fazem roubos
então é tradição   roube-se

A ditadura existiu muitos anos
sofrimentos que importa?
É tradição promulgue-se

Viva a ditadura os roubos
a matança seja do que for
é tradição não precisa ser
homologado e pronto

Acabe-se com a Assembleia
com os deputados
e outros que tais
abaixo as leis
viva a anarquia
numa democracia de bolor.

Pedro Valdoy



quinta-feira, 16 de julho de 2015

Cânticos


Cânticos

No céu as estrelas
cintilavam para a eternidade
de uma humanidade
recheada de paz

O Sol meio adormecido
aparecia no horizonte
com raios na ondulação
serena e tranquila

A Lua fugia para outras terras
a coberto da sonolência
na fragilidade do brilho
cumprir o adormecimento lento

Nos céus entoavam-se
cânticos com trombetas
enquanto Deus
sorria com a paz dos homens

Com seus braços
cobria o Universo
e com o livre arbítrio
abençoava o Homem

Na passividade dos séculos
crescera o Deus Menino
para dar a boa nova
na Terra da prosperidade.

Pedro Valdoy


quarta-feira, 15 de julho de 2015

quando te amo


quando te amo

quando te amo
sinto a felicidade
rodear-nos com ternura
com o canto dos rouxinóis

quando te amo
minha alma sente-se
engalanada com rosas
do nosso jardim

meu pensamento
delira em tempos de Primavera
com um amor aquecido
pelo teu odor sensual

são passos acetinados
com a leveza sentida
na tranquilidade fortalecida
quando passas por mim

quando te amo
dois seres parecem
amortecidos pela beleza
de teu rosto sorridente

teus olhos doces
penetram meu ego
e fico enfraquecido
e confuso avanço embevecido

quando te vejo na praia
com a leveza do teu ser
sinto-me perturbado
e as ondas beijam teus pés

aproximas-te com um sorriso
que me entontece
e meio confuso
caminho para ti e abraço-te

o luar desce sobre a praia
continuas bela na simplicidade
de um amor nunca esquecido
e então beijamo-nos efusivamente

O sussurro das ondas
Entoam cânticos de amor
A Lua gorducha
Sorri no reflexo do mar.


pedro valdoy

terça-feira, 14 de julho de 2015

A Natureza


A Natureza

As forças da natureza
aspiram o ar coberto de anémonas
pela virtude da força celeste

Sente-se o hálito do amor
pela lentidão das nuvens
num esvoaçar gentil

As pedras do silêncio
sentem-se no calor da noite
no zumbido de uma mosca

São ventos de areia
no desencadear dos dias
na calamidade desejada

Pelo Sol no brilho do ser
transvasa a quietude
de uma flor em sossego apagado.


Pedro Valdoy

domingo, 12 de julho de 2015

Passeio pelas Estrelas


Passeio pelas Estrelas

Pelo cosmos deambulo
como alma perdida
atravesso as palpitações
dos anjos auxiliares

Mas sinto-me tranquilo
recheado de paz e sossego
e falo com meus antepassados
fico feliz com seus sorrisos

Sinto-me leve como uma pena
e a surpresa surge irradiante
com a presença de meus mestres
com seus conselhos

Conselhos de certos excessos
praticados por mim
que me remetem ao silêncio
e fechar os olhos perante o orgulho

Dizem-me que minhas palavras
queimadas de excessos
são vãs e perdem-se no ar
os malditos continuam malditos

Falar da opulência de alguns
da corrupção e da maldade humana
são palavras vãs anedotas para alguns
e a guerra não acaba nas minhas palavras

Que eu sozinho nada posso fazer
senti um vazio na minha alma
que agora anda perdida
na imensidão do deserto das ideias

Meu passeio continuou
encontrei Luís de Camões
vi suas lágrimas de tristeza
por Portugal estar débil e fraco

Pensativo continuei
falei com Beethoven
que me disse que a Europa está um caos
Que a União Europeia se encontra frágil

Vi Mozart sonhador e pensativo
olhou para mim
com tristeza e amargura
ofereceu-me o requiem.


Pedro Valdoy

sexta-feira, 10 de julho de 2015

meu ccração


meu coração

meu coração
anda perdido
pelas ruas cobertas
de estrelas

em demanda
de outro coração
terno corajoso
capaz de amar

sente-se triste
porque a procura
é triste e difícil
no mundo da perdição

corre o firmamento
na solidão dos tempos
como um cavaleiro andante
na pesquisa da sua amada

os tempos são difíceis
no século das incertezas
das injúrias das falsidades
na solidão sentida

encontra o castelo
do amor perdido
na serrania da esperança
e entra sem hesitações

nos jardins cobertos de flores
encontrou a princesa do amor
que resolveu comprar
meu coração já quase desfeito

e então o amor aconteceu
e a alma sentiu-se renovada
para a eternidade do sentimento
então recordado.


pedro valdoy

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Incerteza


Incerteza

Não sei
francamente não sei
ando perdido
na galáxia do amor

Por entre as trevas
sinto-me perdido
num longínquo
mar de rosas

Sou um estranho
no vazio do Universo
incapaz de caminhar
por entre as flores

Ouço o canto dos anjos
talvez seja um estranho
neste mundo perdido
onde ficarei para sempre


Pedro Valdoy

terça-feira, 7 de julho de 2015

É Assim


É Assim

É assim que as flores
dançam no ar
num beijo perene
de todos os insectos

É assim que as crianças
saltam riem
no meio da floresta
a perpetuar uma geração

São flocos de ingenuidade
num frenesim contínuo
de duas nuvens
levadas pelo vento

É assim que a serenidade
no desgaste da velhice
transporta o passado
com um manto de rosas

É o abrir das pétalas
das meninas brincalhonas
sem olharem pelos tempos
como um rio a escoar para o mar.


Pedro Valdoy

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Renovação Imutável


Renovação Imutável

Na planície dos espíritos
na suavidade e tranquilidade
sentia-se o orvalho da esperança
com o sorriso dos anjos

Na infinitésima parte
a aragem fresca fraca
deambulava na planície
no sorriso de Deus

A esperança forte
no signo dos mestres
entrevia-se a aurora
adquirida na reencarnação

A hora aproximava-se
para um novo ciclo
previsto na renovação
no sentimento do dever cumprido.


Pedro Valdoy

domingo, 5 de julho de 2015

Dias de Inverno


Dias de Inverno

Ao cair da folha
pingos de chuva saltitam
em dias invernosos    frios    tristes
Carros deslizam por tempestades
sobre lamas em estradas esburacadas

Choques se verificam
Discussões
poluem o meio ambiente
já de si poluído
O amanhecer de uma cidade
triste    fria    invernosa

Agasalhados passeiam de carro
de autocarro e a pé
o gelo sente-se nos ossos
de quem passa e corre
para compromissos
donde depende uma certa
independência
um certo conforto
um certo sorriso

Mas impávido  sereno
lá vai o ciclista da minha rua

Pedalada aqui pedalada ali
indiferente às bichas
de carros e autocarros
indiferente ao frio e à chuva
indiferente a todos
Para ele a Primavera
dura todo o ano.

Pedro Valdoy



sábado, 4 de julho de 2015

Bravura


Bravura

Ao pescador português

A bravura do mestre
bruxuleava entre as ondas
escamosas dos ventos
por entre mares bravios

Era a vida contra a natureza
incólume e fria
por traves do frágil barco
que teimava em resistir

Era o homem contra o mostrengo
no vendaval de vidas hesitantes
que mantinham hirtas e seguras
de través de pulso ímpio

O mostrengo rodava rodava
o pescador sorria na bravura
da pesca e teimava teimava
contra o perigo até à exaustão.


Pedro Valdoy